sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Regato


“Me chamem da maneira que vocês quiserem, mas eu gostaria de receber o nome de ‘Tietê ”.
Era uma vez um regato muito humilde. Nasceu num lugar bem alto, puro, cristalino, cantando silencioso.
Os homens bebiam de suas águas sem medo de contaminar-se.
Depois o regato foi crescendo e os homens jogaram muitos detritos dentro dele, tornando-o menos puro. Mais adiante encontrou outros regatos e tornou-se um riacho.
Os homens quiseram então barrar sua passagem e ele cresceu mais ainda e de tal maneira que passou a inspirar respeito. Apesar disso, ele soube ser serviçal porque deu energia a milhões de homens, matou a sede de todos eles, deu alimento e tornou aquela região mais agradável. Para ele esta disciplina também foi boa porque ele voltou a se purificar.
No caminho foi barrado muitas vezes e sempre ajudou e fez bem aos que o barraram porque um riacho raramente tira vingança.
Por ser muito impetuoso, ele às vezes corria por terrenos que não eram bons nem para ele, nem para os homens.
Os engenheiros, com prudência e carinho o colocavam de novo em curso porque sabiam que um riacho nunca é mau. Se às vezes transborda é porque encontra outros riachos menos controlados. Homens experientes fizeram muitos lugares de descanso para aquele regato impetuoso e ele, em retribuição, fez muita coisa digna de um regato.
Após muito caminhar, o regato tornou-se um rio e perdeu sua impetuosidade. Umas poucas vezes ele prejudicou os homens, sempre sem querer, porque havia aprendido a disciplina ao longo do seu caminho. Dividiu os homens, mas não o fez com má intenção.
Assim aquele regato que se tornou riacho e rio deu muitos peixes a milhões de homens, iluminou muita gente, fez crescer e frutificar o trabalho de muitas comunidades. No fim os homens ingratos acabaram poluindo-o e ele chegou sujo ao mar.
Entretanto, o mar compreendeu isto porque todos os rios que chegam sujos ao mar são purificados; além disso é preferível chegar sujo do mar, tendo procurado fazer sempre o bem de chegar limpinho a um lago pensando que chegou ao mar.
Ensina a Magia que os homens são como um regato. Entendeu...


                           Sergio Martins

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